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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O Nascimento de Pedro



Por Paula Araujo

Naquela manhã Acordei e sentia uma disposição enorme, era a primeira visita domiciliar que receberia de Mary e Paula. Chamei meu marido para ir ao mercado comprar algumas coisas para a casa e lembro que o dono do mercado ainda brincou que estava demorando e eu lhe disse: Não está não, até o final do mês ele chega. Voltei para casa e tudo correu como de costume até depois que encaminhei meu filho Lucas para a escola, a partir daí comecei a perceber uma dores bem incomodas, era o inicio do trabalho de parto. Continuei meu afazeres, ainda preparei um bolo para as meninas. Quando fui ao banheiro percebi um pouco do“tampão” comentei com Dil (meu marido) que me recomendou –Elas estão vindo aí, elas examinarão. Ok ! Tomei um banho coloquei um vestidinho leve – branco, e me pus a esperar.
Como que de repente me dirigi à sacada, quando as avistei chegando, acenei sorrido confortada, aliviada e segura. Como vc está? Perguntou Mary. Acho que ele chega hoje! Respondi informado que já estava em trabalho de parto. Subimos e quando estávamos no sofá Mary me perguntou –você sempre sua assim? Eu estava suando bastante afinal meu anjinho já iniciara sua aventura no trajeto para este mundo aqui fora. Paula logo ficou preocupada pois não haviam trazido nada, então assim que meu marido chegou Mary pediu que ele fosse ao consultório pegar os materiais para o parto.
Enquanto meu bem estava fora, Mary e eu aproveitamos para conversar um pouco, estabeleceu-se então um vinculo de confiança que não havíamos tido tempo antes para desenvolver, o trabalho de parto evoluía bem, as contrações aumentam a cada período que passava. Estava tranquila, preparada, sabia o que me esperava e tudo que queria era chegar ao momento de ter meu anjinho nos braços.
Neste intervalo de tempo, minha mãe chegou em minha casa, sem saber que eu já estava em trabalho de parto - uma escolha nossa pois não queria nenhum tipo de tensão e inevitavelmente uma mãe fica tensa e preocupada quando chega a hora de sua filha dar à luz, foi engraçado pois Mary e eu conseguimos enrolar ela e ela foi embora – Mãe, Mary vai ficar aqui comigo porque estou sentindo um pouco de cólica, pode ir tranquila, se houver alguma coisa te aviso, disse eu. Mal sabia ela que horas após me veria com seu netinho nos braços.
Quando meu bem chegou, pronto, agora sim podia me entregar completamente, disse a ele –Não sai mais, fica aqui comigo! Ele me acariciou tão carinhosamente, sua presença era muito fortificante. Naquele momento sentir vontade de me ajoelhar no chão da sala, então o fiz, e ele ajoelhou-se junto comigo, meu companheiro, meu cúmplice!
Paula veio até mim me perguntou com sua voz suave se eu queria massagem, eu disse que sim e fomos para o meu quarto. Neste momento meu anjo maior – Lucas, chegou trazido pela avó que o havia pegado na escola, então o chamei no quarto e lhe expliquei que seu irmãozinho iria chegar.
Depois de alguns minutos, enquanto estava de joelhos na cama procurando posições que me deixassem confortáveis durante as contrações, minha bolsa estourou. Pedro estava cada vez mais perto!
A partir de então me despi e me enrolei num lençol orientada por Mary, para que pudesse ficar mais á vontade, ela me ofereceu a sopa que preparou com os legumes que cortara enquanto conversávamos mais cedo. Estava boa, mas para mim bastou apenas algumas colheradas, meu corpo não queria mais.
O tempo todo durante o TP procurei me concentrar em mim e no que meu corpo solicitava, sentia a minha respiração profundamente a cada contração,coisa que aprendi durante minhas aulas de yôga pré-natal, embora tenha praticado apenas um mês, Anne - a professora de yôga, me ajudou bastante na preparação para este momento.
Me dirigi para a segunda sala e pedi que apagassem as luzes da casa e acendessem as velas. Me perguntaram uma primeira vez se queria ir para a água, ainda não era a hora, eu sabia que não. Continuei mais um pouco ali, ajoelhada, debruçada no sofá atendendo ás necessidades do meu corpo naquele momento, que passava por adaptação tamanha para poder dar passagem para o meu neném, naquele instante ali estava confortável. Dil segurava minha mão todo o tempo. Mary e Paula vinham de tempos em tempos me confortar, saber se queria algo...
Quando as contrações passaram para um estagio mais elevado eu pedi para ir para água e fui conduzida ao banheiro onde Mary havia preparado um banho quente á luz de velas na enorme bacia que Dil tanto “rodou para encontrar”no dia anterior, “tadinho” rsrsrs! Estava tudo maravilhoso, as meninas respeitavam meus desejos e meu espaço, a presença delas me passava tanta segurança, me orientavam sem invadir nem intervir no meu momento.
Quando já estava no banho, tive um dos momentos mais lindos o meu parto, foi quando meu anjo maior, meu filho Lucas entrou no banheiro e me disse: Boa Sorte Mãe! E me deu um beijo. Logo em seguida Paula o levou para o seu quartinho onde o distraiu, pois eu já estava no período expulsivo e gemia de dor no banheiro. O carinho e a atenção dela foram muito importantes para ele naquele momento.
Durante o período no banheiro, lembro que na primeira contração Mary me disse: Pode gritar, você já chegou no expulsivo e não chorou?! Isso me deixou tão á vontade para exalar minhas sensações, então me entreguei completamente, esqueci do mundo e gritei, gemi, e isso parecia funcionar como uma válvula de escape para dor. Estava tão entregue que atravessei este período sem grande sofrimento, ainda consegui fazer pose para as fotos entre uma contração e outra, e até brinquei – É nesta hora que agente começa a querer uma cesariana, rsrsrs! Dil e Paula, que ora deixava Lucas para me ver riram bastante, Mary neste momento havia ido buscar mais água quente, ela dizia a todo momento: não pode deixar esse banho esfriar! Até que tive a sensação de algo escorregar dentro de mim foi quando disse maravilhada – Ele está chegando, o bebê tá chegando! Pus a mão em minha vulva e percebi que ele estava perto mesmo.
Fui para o quarto debruçada sobre os ombros de Dil, praticamente carregada por ele, lá Mary e Paula já haviam preparado um cantinho todo especial para nós, toda a casa estava sob a luz de velas. Primeiramente fiquei de quatro no chão, meu amor me perguntou - Você quer alguma coisa? E eu respondi – Quero, o meu filho! Então comecei a chamá-lo - Vem Pedro ! Vem para a mamãe meu filho!
Quando Pedro coroou Mary me orientou a ficar de cócoras, e nos disse: Vamos receber esta criança com tranquilidade para que ela venha em paz! Paula trouxe Lucas e todos juntos assistimos à chegada de meu anjinho! Ah... quão sublime experiência, ao receber meu filho nos braços eu entrei em outra dimensão , era um explosão de sensações que me deixaram fora de órbita por alguns minutos, aquela quenturinha do meu bebê junto ao meu corpo desta vez pele com pele, nossa, o imaginário deu espaço para o real. Mantive Pedro ali grudado comigo enquanto convidava Lucas a vir se juntar a nós, e ficamos ali por alguns segundos, nós quatro juntinhos. Compartilhamos toda a felicidade e amor que sentimos naquele momento.
Ter o meu filho em casa foi sem dúvidas uma das experiências mais emocionantes da minha vida e sem dúvida me modificou como mãe, esposa e mulher, agora me sinto plena. Dei à luz o meu filho com prazer, num ambiente cheio de amor, carinho e principalmente respeito à este momento tão especial e divino na vida de uma mulher.
Obrigada a minha Nossa Senhora das Graças, pela força emanada em mim, obrigada Mary por ter me assistido e me proporcionado uma das experiencias mais lindas da minha vida, obrigada a Paula - Mary não mentiu quando disse que ela seria a parte doce da história, tão cuidadosa...E por fim agradeço ao meu amor, meu amigo e meu cúmplice por ter desde o início me acompanhado e me apoiado nesta ideia que se tornou uma realidade tão maravilhosa.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Oficina de Natal para Gestantes

As cantigas de roda e de ninar foram utilizadas como estratégia de fortalecimento do vínculo mãe-bebê.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O relato do nascimento do Guido

Olá,
Bom, todos sabem que moro em São Paulo e participo do blog um pouquinho de longe.
Hoje trago o relato do parto da Fafi, com quem faço especialização. O parto dela foi feito por outra equipe, mas é rico em detalhes interessantes para quem se interessa pelo assunto.
Para conhecer a história do nascimento do Guido, é só clicar AQUI.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Dona do Corpo - Depoimento de Verônica

Relato do Nascimento de Nina



Por Jaiana Meneses

Acho que minha maior dificuldade pra escrever este relato foi a “simplicidade” como tudo transcorreu. Mas escrevo não somente por uma memória nossa de família, como também pelo fato de ser absolutamente incomum nos dias de hoje, em grandes centros urbanos, receber um bebê neste mundo com tanto amor e da forma mais natural.
Já estávamos celebrando a chegada de Nina dias antes de ela nascer! Mary, a parteira, esteve em nossa casa para a visita dos pródomos e fez um festival de pizza e beijus maravilhosos. Um dia depois, domingo, nos encontramos com Mary em sua casa com outros amigos e pessoas interessantes para um papo animado. O clima de expectativa era geral: meus pais chegaram em nossa casa semanas antes para nos ajudar com os preparativos e nos cuidados com Noa, nosso mais velho de 1 ano e  8 meses; Mary me ligava toda manhã para saber como eu estava; bom, eu podia entrar em trabalho de parto a qualquer momento e fomos nos despedindo da gravidez com serenidade. Eu tive a oportunidade luminosa de decidir com consciência, responsabilidade e apoio de todos os lados a melhor forma para o nascimento da minha filha. Meu único receio e não propriamente medo, era, por ventura, precisar ir para o hospital e passei a trabalhar isso na prática durante toda a gravidez a partir de um conselho de Anne, profa. de yoga, que me disse que recomendava sempre que as mulheres pudessem mapear seus medos durante a gravidez e pontuassem o que podiam fazer para solucionar esses problemas.
Organizamos toda a casa, onde ficava cada coisa pro dia do parto, quem ficava com o neném mais velho, quem ficava comigo, se tiver que ir pro hospital, onde ir, o que fazer, etc, enfim, toda a estrutura e o que fosse possível fazer e até onde eu me limitava, para que no dia eu não me preocupasse com nada, só focasse no meu corpo e na chegada de Nina.
Chegamos da casa de Mary  naquele domingo às 9 da noite. A meia-noite liguei para ela e disse que sentia umas contrações mas não tinha certeza se já era mesmo o trabalho de parto, poucos minutos depois pedi para Haki, meu esposo, ligar pra ela e confirmar que eu estava em trabalho de parto. Não demorou muito e Mary chegou com sua amiga parteira Marylanda e Ula, sua amiga antropóloga que investiga o parto e assistiria pela primeira vez um parto domiciliar. Quando elas chegaram, eu estava ninando meu mais velho que já parecia pressentir o que estava acontecendo pois não conseguia voltar a dormir. Combinamos previamente que meus pais e Noa não ficariam em casa na hora do parto, nenhum dos três agüentaria tanta emoção. Mary sugeriu que era melhor ele passear com meus pais na praia e se distrair naquele momento.
Mary cuidou para deixar a casa com a atmosfera de ritual, aromatizou os cômodos com incenso e chás e nosso quarto ficou na penumbra, iluminado em alguns cantos com velas.
Eu fui para o quarto e esqueci do mundo para me concentrar em Nina - eu não tinha nada mais com que me preocupar: Noa estava seguro, parteira estava em casa, família por perto...A contrações começaram a se intensificar mais e mais, me fazendo me espremer e me contorcer de dor algumas vezes, as mãos milagrosas das parteiras aliviavam muito, elas iam nos pontos certeiros para dissipar a dor. Senti uma mistura violenta de todas as sensações possíveis, sentimentos de agonia, raiva, alegria imensa, tristeza, ansiedade, cada vez que sentia tudo isso vomitava. Lembro que ás vezes eu tinha um sorriso involuntário nos lábios e outra hora queria chorar muito...
Do nosso quarto tem uma janela onde se avista o mar e Salvador ao fundo, Mary me levou até lá e me disse algo mais ou menos assim “respira. olha o mar. que noite bonita. fica tranqüila que yemanjá tá com você”. E lá vou eu, andando pra um lado e pro outro do quarto, me abaixava com um travesseiro durante as contrações, chamava inúmeras vezes Haki para me abraçar. A certa altura, falei pra Mary que precisava tomar um banho quente, ela aproveitou também e me deu um banho de chá de várias ervas e me disse com os olhos brilhando radiante que elas achavam que com mais três ou quatro contrações, Nina nasceria. Eu estava incrédula, pra mim ainda enfrentaria muitas horas ainda de contrações e achei que Mary falou aquilo pra me animar – mas dito e certo, quando saí do chuveiro já estava em franco período expulsivo, me abaixei ao lado da cama de joelhos e comecei a gritar muito, quando eu duvidei se aguentaria mesmo, Nina já estava nascendo, eu apoiei meus braços em Haki e fiquei na ponta dos pés, Mary e Marilanda me abaixaram quando o corpo estava saindo. Mary depois me contou que tinha receio de o cordão umbilical se romper bruscamente na saída de Nina se eu tivesse ficado em pé todo o expulsivo. Depois que ela nasceu vieram as contrações para expulsar a placenta. Mary deu a tesoura para Haki cortar o cordão e ficamos todos bobos olhando para aquele serzinho, que nasceu com vontade de mamar. Ela nasceu às 3 da madrugada, com 3, 400kg, 48 cm.
É um alívio parir, sinceramente. Depois de todos os meses aguardando o tão esperado parto, principalmente nos últimos meses que aumentam os incômodos comuns da gravidez. Meu alívio maior foi ver que tudo ocorreu bem, que eu e ela estávamos bem fortes, saudáveis. Depois disso todomundo foi dormir. Acordamos numa manhã gloriosa e Mary conduziu o ritual para enterrar a placenta no jardim, com ela está plantamos uma jasmim branca.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Saber de parteira

Para vocês conhecerem um pouco mais do trabalho dela, aqui está a capa de um trabalho coordenado por Mary Galvão.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Parto de Paulinha, nascimento de Pedro









Por Mary Galvão

Relato do parto de Paulinha, em Salvador, ocorrido em 19/07/2011.

Paulinha, o relato do seu parto foi acidentalmente removido do blog, hoje estamos publicando-o novamente!

Antes de dormir (já que o sono não pode chegar num corpo banhado de "adrenalina de felicidade") resolvo relatar o parto para não perder nenhum detalhe por falha de memória.

Hoje tinha uma visita programada na casa de Paulinha (39 semanas de acordo USG) para conehcer seus pais e esclarecer para eles a simplicidade de um parto domiciliar, já que os mesmos estavam resitentes a decisão da Paulinha de parir seu filho Pedro em casa.
Chegamos à casa dela (eu e minha assistente, Paula Fernanda), exatamente as 16:10", a encontramos na sacada da casa em risos e abanando a mão em sinal de cumprimento cordial de baos vindas. Subimos as escadas até o 1o.andar, onde fica sua casa limpa, bem arrumada e muito bem decorada. Cumprimentamos e perguntamos quem estava em casa e ela nos informou, que estava sozinha porque Diu (seu esposo) estava providenciando as últimas coisas da lista de materiais para o parto, que havia lhe enviado dias antes. Lucas, o filho de 7 anos, estava na escola.

Aí, lhe dirigi a 2a.pergunta em tom de brincadeira: "E aí, este bebê nasce hoje ou ainda não é chegada a hora?". Ela calmamente respondeu: "Ah Mary, acho que ele nasce hoje mesmo". Ouvi a resposta e comentei: "Então é para hoje e não dia 20 como você havia estimado?". Ela nos respondeu calmamente, que, se não nascesse antes de meia-noite seria mesmo no dia seguinte, 20/07. Paulinha, a parturiente, questionou a outra enfermeira (também Paulinha), se o bebê nasceria mesmo. Paulinha (enfermeira), me olhando um pouco assustada comentou: "Será mesmo Professora que este bebê quer chegar hoje?". Com o olhar de parteira respondi ao tempo em que observava o comportamento de Paulinha, característico de parturiente: caminhando de um lado para outro ela alisava o abdome e mudava seu semblante de sorridente para sério. Mas mantendo muita calma.

Cinco minutos após a nossa chegada ela nos convidou a tocar seu ventre. Contraído, muito contraído. Então percebi que se tratava de contrações de boa intensidade. Questionei então desde que horas aquelas contrações aconteciam e ela me respondeu que "desde umas duas horas da tarde". Que tinha começado bem fraquinho pela manhã e logo depois do almoço foram ficando cada vez mais perto e mais dolorosas. Questionei por que ela estava tão calma. Ela retrucou que "já sabia que ia ser assim mesmo...". Conversamos meia hora, mais ou menos, enquanto eu observava seu comportamento. Sugerimos uma avaliação mais criteriosa, no quarto e ela achou legal ouvir o coração de Pedro e avaliar as contrações com tempo cronometrado. Fizemos isso e ela então pediu mais informações. Achamos interessante fazer o exame de toque para proceder uma avaliação mais detalhada.

Encontramos dados muito interessantes: contrações de 10 em 10 minutos com duração de 30 segundos, colo maduro, central, pérvio para 5 cm. Então, trata-se de franco trabalho de parto. Resolvemos pedir a Diu, o marido que já retornava para casa, para ir apanhar o material necessário (minha pasta de parteira). Paulinha prontamente sugeriu que fossem à UNEB, onde estava todo material, e se prontificou a ir junto. Saíram de casa por volta das 17 horas e retornaram as 19 hora,s com a pasta. Só fiquei triste porque faltou a balança e as ervas que gosto de utilizar para atrair os bons fluidos das parteirinhas e rezadeiras da floresta.

Nestas 2 horas em que ficamos sozinhas observei que Paulinha mudava várias vezes de posição, embora continuasse muito calma! O telefone da casa tocou e era sua mãe pedindo informações a respeito de um cliente de Paulinha. Ela orientou detalhadamente o caso, sem deixar sua mãe perceber que ela estava em TP... A mãe tornou a telefonar mais duas vezes, até que Paulinha lhe disse que eu estava em sua casa e que ela ia ter que desligar o telefone por alguns minuto, para me dar atenção. Voltou a sentar-se no sofá e falou comigo que não gostaria de ter sua mãe perto dela nesse hora porque a mãe era muito diferente dela e muito preocupada.

Ainda no controle da situação, ligou várias vezes para seu marido e em seguida para uma amiga pedindo uma câmera fotográfica emprestada... Por volta das 18 horas chegou sua mãe, gritando embaixo. Ela saiu na varanda, jogou a chave da casa e me falou baixinho: "É minha mãe, mas ela não vai demorar e não deixe ela perceber que estou já com contração...". A mãe dela é bem jovem e muito simpática. Após a apresentação, conversei com ela sobre os detalhes de um parto domiciliar e afirmei que em casa o parto é mais seguro que no hospital e apresentei as justificativas para minha opinião. Observei que ela confiou em minhas informações e quando percebi que ela ia demorar me preocupei porque ao invés de ficar dando atenção à mãe de Paulinha queria estar com ela no quarto. Então dei um jeitinho (coisa de parteira) de mandar a mãe se retirar com a desculpa de que queria ir assistir a novela e fui me afastando da sala. Ela ficou sem graça e foi embora. Eu ainda lhe disse: " Paulinha ainda ganha bebê esta semana viu?". Ela então retrucou para mim que tudo bem, pois agora estava mais tranquila com as informações recebidas e que não queria assistir ao parto.

Ela foi embora por volta das 18:15, aí percebi que estava na hora de começar a anotar a dinâmica uterina. Foi quando constatei que tratava-se de fase ativa do TP. Paulinha já estava com as contrações a cada 4 minutos, com 40 segundos de duração e com ritmo e intensidade progredindo francamente.

Perguntei a ela se estava com sede ou fome. Ela então respondeu que sim. Sugeri um caldo de legumes e ela topou. Neste momento ela levantou-se do sofá da sala de TV e foi até a cozinha. Separou os legumes e me entregou. Sentei-me a seu lado (no sofá da sala) e comecei a descascar, enquanto observava seu jeitinho tranquilo e antenado a tudo a sua volta controlando cada detalhe da dinâmica da casa.
Paula Fernanda, Diu e o filho Lucas retornaram por volta das 19:15. O parceiro entrou em casa muito feliz chamando por Pedro e brincando perguntava se já tinha nascido. Se aproximou da esposa e lhe acariciou com muito afeto. Fui à cozinha olhar a panela e depois de 10 minutos por lá voltei e convidei Paulinha a vir até a cozinha para tomar seu caldo de legumes junto com o marido e e filho, visando incluí-los no processo. Ela sentou-se na mesa com a família, mas logo retorceu-se na cadeira e informou que não queria comer. Em seguida levantou-se e foi para o seu quarto, deitou-se na cama e afirmou que estava "doendo muito". Nós três (eu. Paulinha enfermeira e o marido) nos aproximamos e perguntamos se ela queria ir para água. Ela disse que ainda não.

Durante mais ou menos 20 minutos observei que Paulinha explicava tudo para Lucas e lhe chamava para perto ao tempo em que começava a retorcer-se e mudar de posição, demonstrando muita dor. Paula Fernanda (enfermeira) entrou em cena, sugerindo massagens. Começou a fazer massagem na região lombo-sacra e vi que Paulinha se ajoelhou na sala em busca de alivio de uma contração poderosa.

A partir desta hora (20:15), ela mudou seu comportamento totalmente, inquieta, gemente, ela se entregou totalmente ao processo e saiu do controle de seus papéis de mãe, esposa, dona de casa. Passei a observá-la mais de perto, tempo em que comecei a controlar os BCFs com mais frequência (30/30 min). Na posição em que ela adotava a gente se agachava para ouvir o bebê.
Ai Paula Fernanda voltou a perguntar se ela queria ir para a água. Paulinha, deitada de quatro, na sala, totalmente mudada e entregue respondeu que queria. Aquecemos mais água e a levamos para a BACIA GRANDE, MUITO GRANDE. Lá no banheiro passamos uma hora lhe massageando a região lombar e a cervical, lhe dirigindo palavras de apoio e força. Continuamos aquecendo água no fogo, jogando em seu corpo e ouvindo seus gemidos, numa verdadeira atitude de mamífera ela tomou posse da situação e começou a uivar, gritar e chamar por Pedro.

Por volta das 21 horas ela pediu para sair da água gritando: "Vai nascer, tá nascendo, tá aqui, estou vendo, tá aqui...!" Ajudamos ela a chegar no local que escolheu para dar à luz seu bebê. No quarto, no cantinho forrado antecipadamente por nós. Ali chegando, adotou a posição de quatro e começou a gemer e gritar, chamando o filho várias vezes: "Vem Pedro, vem meu filho...", num mantra forte e determinado. Naturalmente seu filho atendeu seu chamado e despontou na vulva, forte e determinado como a mãe. Vimos que a cabeça de Pedro coroou. Sugerimos ao pai tocar a cabecinha do Pedro e os dois entraram em fase de muita euforia, mas logo se acalmaram, deixando a beleza do sagrado adentrar o ambiente e fazer o grande milagre da vida acontecer.

Às 21:27 Pedro nasceu de parto natural, sem ocitocina, sem corte de períneo, sem nenhuma manobra invasiva, com 2 toques vaginais. Ao nascer ele foi avaliado e obteve Apgar 9, no 1o minuto e 10, no 5o. minuto de vida, mesmo com uma circular de cordão, que foi desfeita sem dificuldade. Paulinha continuou agachada no cantinho, com sua cria agarrada ao corpo, lambendo, chorando e aquecendo com seu calor de pós-parto, enquanto eu pedia ao pai para cortar o cordão em clima de respeito ao momento tão especial. Ela gemeu e queixou-se de cólicas. Observei que eliminava a placenta, liberada em mecanismo de B.Shultzs, em face fetal, espontaneamente. Olhamos para ela, agradecemos sua função nutridora e logo em seguida fomos ao quintal da casa para o destino merecido. Eu, Paula Fernanda e o pai, todos gratificados pela sua generosidade durante os 9 meses em que nutriu e embalou Pedro no ventre da mãe, enterramos a placenta num vaso, onde foi plantada uma muda, escolhida previamente por Paulinha, para simbolizar o nascimento e o crescimento de Pedro, assim como a própria Vida.

O parto, portanto, não necessitou de nenhuma manobra ou procedimento, exceto de belos chamados dos pais, que entoaram para o filho palavras de amor e convite, encorajando-o para a grande travessia entre o ventre e o colo de sua família, tão amorosa e acolhedora.

Cuidamos de secar Pedro ainda no colo de Paulinha, que não se conteve e derramou muitas lágrimas de felicidade. Olhando o filhinho, encantada, murmurava lindas palavras de afeto. O pai chorava e repetia "Esta é uma coisa de Deus não é? Que lindo, que lindo!". Enquanto isso, Lucas, eufórico, entrava e saía do quarto várias vezes demonstrando o encantamento diante da cena simplesmente LINDA com a qual a vida lhe presentou, ver a chegada de seu irmãozinho.

Esta foi mais uma história de amor e ternura que a vida me deu a honra de poder participar. Sou muito grata à vida, ao mestre e a Paulinha por ter me permitido ajudá-la a viver uma experiência tão gloriosa... Quiçá um dia todas as mulheres possam viver o milagre do parto e do nascimento de um filho nesta vibração de amor e plenitude.

Oficina de Natal para Gestantes


Aproventando o período natalino o NUPESV- Núcleo de Pesquisa de Saúde da Mulher da UNEB estará promovendo uma Oficina no dia 02/12/11 às 08:00h na UNEB para sensibilizar as gestantes quanto a importância das cantigas de ninar na relação com seu bebê.  O espaço terá com facilitadora a Enfermeira Obstetra Mary Galvão. Partipação especial da cantora India Pomponet.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O nascimento de Nina





O nascimento de Nina

Por Mary Galvão
No primeiro contato com Jaiana percebi sua forma singular de estar na vida. A leveza de sua presença me encantou e facilitou a construção de nosso vinculo de amizade. Nas consultas iniciais quando ela apresentava alguma dúvida sobre a evolução da gestação, escutava com muita atenção tudo que tinha para elucidar. Ela me contou que morava na Ilha e automaticamente imaginei "Ah! ela é tranquila desse jeito pq não sofre a influência do stress da cidade grande. Mas a medida que fomos nos aproximando, descobrir que Jaiana é calma por essência. Um dia estávamos na lancha fazendo a travessia da Baia de Todos os Santos e o mar estava muito agitado, ela estava sentada com seu filhinho Noa (de apenas 1 ano e meio) enquanto do seu lado um rapaz vomitava em jatos, mas ela se quer se movia do seu lugar. Ana, sua mãe, em atitude de proteção sugeriu tirar Noa do seu colo por conta desse triste episódio, mas ela permanecia serena. Foi também sua mãe quem me contou um outro episódio de sua adolescência que ilustra muito bem a natureza de sua filha. Segundo descrição de Ana um dia Jaiana ao abrir a mochila na escola, percebeu que lá dentro tinha uma lagartixa.. Ela simplesmente e continuou retirando os livros um a um, bem tranqüila e somente depois de esvaziar toda mochila, sacudiu a sacola e a lagartixa saiu. Imagine uma adolescente que não se aflige se quer com um bichinho dentro de sua bolsa. Pois é dessa mulher equilibrada que vamos relatar o parto. Sua beleza brejeira é marcadamente acentuada pela serenidade dos gestos e do olhar profundo e calmo, expressando mistério e doçura. Sua forma de maternar Noa revela também suas características. Noa é um menino lindo e muito alegre. Com educação cuidadosa, tem regras estabelecidas pela mãe que sabe atender suas necessidades de atenção com firmeza e afeto. No primeiro encontro com Noa iniciamos uma relação especial através da música e do contato com o bebê. Fui fisgada por ele no momento em que o conheci.
Todo o período gestacional de Jaiana foi acompanhado por mim e por uma médica de sua confiança. Durante o processo ela só apresentou uma queixa que foi atendida de uma forma muito natural. As vezes que lhe visitava para realizar a consulta pré natal no domicilio observava que ela continuava com muita disposição para os cuidados com a casa e com o pequeno Noa. Ela também não abria mão de suas atividades de lazer. No mês de agosto teve uma programação extensa de passeios acompanhando os pais de seu marido Haki. Visitaram a Chapada Diamantina e tantos outros pontos turísticos.
Chegando ao 9° mês, acreditávamos que ela iria reduzir suas atividades. Ledo engano, ela continuou ativa em seus papéis de mãe, filha e e esposa cuidadosa. Nos finais de semana me visitava em Itaparica. Sempre em família mediando com maestria os papeis familiares.
Aguardávamos o parto para a lua cheia de novembro, dia 10, mas no domingo,dia 6, ela esteve em minha casa e lá reunidos com os amigos celebramos a chegada do calor ameno da primavera depois de um grande período de chuvas. Marilanda (amiga e enfermeira obstetra do Raio de Janeiro) e eu oberservamos que embora Jaiana permanecesse sentada tranquilamente em volta da mesa durante um grande período, seu abdome (barrigão) estava mudando de forma (endurecendo) e intuímos um inicio discreto de TP.
Jaiana e sua família sairam lá de casa as 21 hs sem apresentar nenhuma queixa. Depois de organizar a bagunça da casa com a ajuda de Henrique(grande amigo), fui descansar porque estava muitíssimo cansada. Deitei por volta das 23 hs e uma hora depois meu celular tocou. Era Haki informando que o TP havia iniciado. Vibramos e saímos, eu, Marilanda e Ula (amiga antropóloga que havia combinado previamente com Jaiana que iria assistir seu parto).
Chegamos na casa de Jaiana em 30 minutos porque o histórico obstétrico de Jaiana revelava que seu primeiro parto foi muito rápido. Ora, se o primeiro parto teve duração de 3 horas imaginávamos que este poderia ser ainda mais rápido.
Encontramos Jaiana deitada ninando Noa que intuitivamente percebia a chegada de sua irmã, pois estava apresentando dificuldade para dormir. Logo que me aproximei dela e coloquei as mãos sobre seu ventre, constatei que tratava-se de contrações muito fortes e, portanto, TP adiantado... Sinalizei que ela precisava agora de seu tempo, de focar na evolução deste processo. Jaiana então chamou Ana e pediu para ela cuidar de Noa. Previamente ela já havia decidido que durante o parto ela só queria a companhia de Haki e de nossa equipe. Ana e Jaime (Pai de Jaiana) levaram Noa para praia. E aí subimos para seu quarto onde ela dedicou-se ao trabalho com a mesma calma que é típico de seu temperamento. Ela subiu para seu quarto e permaneceu caminhando de um lado para outro por exatamente duas horas. Focada em seu corpo, Jaiana não falava e nem gemia. Observei que dava alguns comandos para o marido muito discretamente, sussurrando em seu ouvido. O sintoma que lhe incomodou muito, foram os três fortes episódios de vômitos... Ela vomitou todo o conteúdo gástrico enquanto Marilanda e Ulla colaboravam com prontidão e rapidez para manter a higiene e harmonia do ambiente.
O período expulsivo chegou rapidamente e somente nestes últimos minutos do TP, eu ouvi Jaiana gemer e pedir ajuda a Haki, que não se afastava dela por nenhum minuto. Amparando-a de forma muito gentil e protetora, foi muito parceiro! Dividiu amorosamente este período difícil com ela. Teve um momento inclusive que ela pediu para ele: "fale alguma coisa Haki! e ele lhe sussurrou no seu ouvido , mas ela já em estado de transe retrucou: “cale a boca, Haki”.. agora ele já não sabia mais como se comportar, e olhando para mim num gesto de cumplicidade questionou “O que posso fazer para ajudá-la?”. Ele não sabia que para esta difícil travessia, somente ela era capaz de fazer. Lhe fiz um gesto de que ela era capaz! “Sei que ela pode”... Jaiana continuava agachada no chão de seu quarto, buscando o apoio da cama.. neste momento sabíamos que era chagada a hora de aparar o bebê... puxamos o acolchoado para perto dela, mas rapidamente ela levantou e foi para janela gemendo alto (pela primeira vez) buscando ar através de uma respiração forte no vento fresco soprado do mar... as ondas batiam na areia trazendo aquela sonoridade bem agradável pra embalar a sua coragem. Era chegado o momento de abrir e liberar sua cria. Me abracei com ela e sussurrei ao seu ouvido "Ouça Jai, as ondas do mar, é a mensagem de Yemanjá trazendo mais força para você agüentar só mais um pouquinho!”Ela se agachou e levantou-se novamente num gesto decidido e se alongando ao máximo, fazendo muita força vejo Jaiana EM PÉ, escorada em seu companheiro, ajudando com vontade, seu bebê a nascer...em uma única contração, a cabeça de Nina corou. Me aproximei dela e por trás comecei a proteger seu períneo....E depois da cabeça nascida foi necessário ajudá-la a agachar-se para acabar de nascer o corpinho de Nina, que completamente rosada, estreou neste planeta, na praia de Gamboa, as 3:05 de 7 de novembro de 2011, com saúde perfeita avaliada por Apagar com nota 9 no primeiro minuto de vida e 10 no quinto minuto.
A alegria contagiante iluminou toda a casa e a equipe festejou com risos a beleza desse nascimento absolutamente natural num cenário de exuberante beleza, com céu claro, lua brilhando no céu da Ilha de Itaparica. Jaiana recebeu Nina no colo com muita concentração, olhando tudo a sua volta, agora de volta ao planeta terra, começa a construir o novo vinculo materno, olhando nos olhos de sua filhinha com o amor maternal que afirma mais uma vez, a plenitude deste laço, inegavelmente eterno e sagrado!
Depois de aguardar o tempo suficiente para ela embalar e se enamorar de Nina, eu entreguei a Haki a tesoura para ele fazer a separação entre a mãe e bebê Após eliminação da placenta e realizados os cuidados de higiene e conforto, fomos todos descansar.
Marilanda, Ulla e eu sentimos a necessidade de reverenciar a força da Lua Cheia. Subimos as três para o mirante, onde contemplamos o céu iluminado e em atitude de reverência, comungamos o poder deste momento.
Retomamos ao cenário do nascimento duas depois para dar o primeiro banho de Nina. Ai organizamos todo o material, chamamos Noa, o pai, os avós e deu-se então a sessão de fotos com Nina pousando em grande estilo para toda sua família. Em seguida, realizamos juntos o exame físico e as medidas da pequenina: estatura de 48 cm, peso de 3.400kg, e perímetros compatíveis a sua estrutura biofísica.
Concluído esta parte gostosa do pós-parto, fomos todos ao jardim para que Haki realizasse o enterro da placenta e plantasse o jasmim que Jaiana havia escolhido para crescer junto com Nina.. Neste curto trajeto percebi que Noa batia sua panela como um tambor improvisado adorando participar deste ritual de cavar e mexer na terra imitando seu pai.
Concluído esse trabalho, viemos todos para a mesa, festejar este acontecimento com um delicioso café da manhã que foi caprichosamente preparado por Ana que teve a boa iniciativa de assar suas empadinhas de frango.
O sol já estava alto no céu quando a equipe pediu licença para um relax! Era hora de partir e deixar a família em clima de intimidade e celebração.
Depois de algumas horas de sono profundo, levantamos animadas para mergulhar no mar Azul de Yemanjá gratificadas mais uma vez pela honra de ajudar trazer ao mundo, crianças belas como Nina e comungar com mulheres poderosas como Jaiana que sabe nutrir sua família com a força feminina e a leveza grandiosa de sua alma baiana.

Período pré-parto





















Por Vivian Fraenkel

Durante as últimas semanas antes de dar a luz, meu corpo estava pedindo que me liberasse de todos os tipos de obrigações e preocupações. Isso não significava que queria ficar parada por completa, mas sim que queria fazer o que tinha vontade de fazer. Para que eu pudesse vivenciar esse último momento intenso de abrigar o bebe internamente, me ocupei durante três meses com a formação de monitores que pudessem dar continuidade ao trabalho de Shivam Yoga aqui no Núcleo Kriya de Shivam Yoga, o que significava planejamento, dedicação e trabalho intenso. Com a disposição de uma equipe MARAVILHOSA de alunas que freqüentam o núcleo, chegamos juntas ao objetivo e assim encerrei minha atividade profissional quase um mês antes da data prevista do parto.
Passei a primeira semana de “licença maternidade” em casa, vendo como fluirão as coisas – e presenciei tudo se encaixando na maior harmonia e comecei a relaxar imediatamente. Mesmo gostando muito do meu trabalho, deixar a responsabilidade na mão de outros liberou minha energia para dar atenção ao desenvolvimento da criança, intensificar minha relação, preparar o que estava faltando, relaxar fisicamente e em todos outros níveis de minha existência.
Minha relação com a natureza é muito forte e tive a grande sorte de ser convidada para passar uma semana na casa da parteira Mary Galvão na Ilha Itaparica. Assim vivenciei muitos banhos de mar, longas caminhadas na maré baixa, sol, vento, comida natural, água de coco – tudo que meu coração, corpo e espírito estavam precisando. Encontros com grávidas, mães de recém nascidos, filhos de três semanas, dois meses, cinco anos... Tendo uma maior aproximação com a doula Júlia Gonçalves trocando experiências, aprendendo, se preparando. Sinto que um mês é um período bom para dedicar-se exclusivamente ao final da gravidez com todos seus processos físicos, energéticos, emocionais, mentais e espirituais, na busca de um equilíbrio próprio, conectando-me comigo mesmo, com a criança, com as pessoas que estarão perto durante o próximo tempo, visualizar o parto e o pós parto, criar um campo de energia sereno e positivo para a chegada do novo ser.
VIVA A VIDA!
VIVA A FORÇA, A ENERGIA E O PODER DO UNIVERSO!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Vivian na Ilha de Itaparica








Por Mary Galvão

A despedida do Barrigão!



Talvez as fotos  possam expressar  com sua luz e cores, o nível de relaxamento que o cenário  pode promover!

Acredito e defendo um tempo livre no período que antecede o parto. A gestante necessita de um espaço para se preparar física e emocionalmente para seu novo papel...

Geralmente nas  semanas que antecedem o parto, a  gestante entra num nível de ansiedade que carece ser identificado para ser minimizado com recursos simples e de fácil acesso. 
Uma sugestão é que ela possa se afastar de seu espaço domésticos onde seus vários  papéis  llhe impõem muitas decisões e tarefas cotidianas que somadas as alterações próprias deste período, causa cansaço físico e emocional.

Nas últimas consultas de pré-natal elas verbalizam clara e enfaticamente a necessidade de descansar para o parto. Além disso, neste período a expectativa do parto e do papel de maternagem se sobrepõe a todas as outras responsabilidades domésticas. Neste momento, gosto de  saber  qual seria seu sonho de consumo com relação ao descanso merecido. Muitas  gestantes  desejam um lugar calmo, para que possam se aquietar e relaxar plenamente.

No caso de Vivian, ficou claro sua paixão pelo sol, pelo mar e tudo que vem da natureza!
Por isso, lhe convidei para ficar uns dias na Ilha, onde tenho uma casinha. Lá seria possível limpar o seu stress da cidade grande com o tradicional banho de alfazema e rever seus sentimentos com a serenidade que ócio permite.

No domingo  pela manhã Vivian  chegou  para o almoço de acolhimento. Sorridente e disposta, ela queria mergulhar nas  águas limpídas  e mornas do mar azul de Itaparica, desfrutar da cozinha -  espaço sagrado da casa - onde podemos brincar de misturar e provar  de novos sabores! 

Vivian cozinha como uma grande mestre! Ah se pudessem provar de seu pão de inhame com alho e côco!  Delícia para poucos... E lá está ela, há 5 dias brincando de descansar, dando um tempo prá si mesma, prá seu corpo, seu coração e sua vida! Acorda cedo prá caminhar, catar búzios e corais na praia de ponta de areia ... quando retorna de seu passeio  matinal, chega ainda mais disposta e feliz.. cai na rede prá cochilar e ler tudo que lhe cai nas mãos...

Às vêzes me conta seus sonhos,  sua experiência com o  Tantra Yoga, fala com reverência de seu Mestre, outras noites queremos trocar massagem, as vezes   comigo, outra noite   com  Julinha, sua doula querida.

Percebo que ela  também foca  sua atenção em seu bebê, estreitando os  laços amorosos  através de cantos e contos de ninar  em alemão.
Ontem nós tivemos a companhia de outra barriguda de lá mesmo da Ilha, adolescente e bem inocente ainda, Elisama parecia desfrutar da alegria que Vivian lhe transmitia, as duas juntas estavam livres, sorridentes, nadando e experimentando a beleza de maternar um útero quente e pleno de afeto. 

Ao final da tarde fomos pegar água na bica e aproveitar o belo dourado da luz do  por do Sol, ela ainda dispunha de  muita energia prá praticar seus Asanas...Quando chega a noite ela quer deitar na rede para contemplar o céu estrelado e gozar da brisa que vem do vento noroeste!

Ah se todas as gestantes tivessem a consciência da importância desse tempo que é só seu, único e incomparável como qualquer outro tempo da vida, mas que precisa de uma atenção especial de quem cuida desse período... Estar quieta para se permitir uma despedida amorosa de seu ventre iluminado é por demais merecido!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Relato do Parto de Liliana

















Por Mary Galvão




Meu corpo sinaliza através da
insônia, a necessidade de relatar para relembrar, reviver e resignificar o
parto como um processo da vida.




Contando e recontando me dou conta que
para elaborar o trabalho de parto, único e individual, estou colaborando
com o registro da história reprodutiva de cada mulher . .
.


Partilho aqui, as
etapas do processo de parto de Lili, parceira deste
caminho de parto domiciliar.


Lili combinou
previamente que seu parto seria assistido por mim Marilanda e Adriana (parteira
amiga e fotografa do Rio de Janeiro) que também estavam
na torcida para que este processo desencadeasse entre a 39ª e a 40ª semana
porque queríamos muito participar juntas desta experiência
importante da vida de Liliana. Programamos a parte operacional ao longo
da gestação. A vinda das parceiras do RJ, os dias para relaxamento
e rituais em
Itaparica. Tudo
começou com a chegada de Marilanda no
dia 8/09 e Adriana no dia 10. Lili completou 40 semanas no dia 14. Começamos a
curtir o prenúncio deste período, ouvindo e acolhendo as queixas da Lili.
As contrações de Braxton-Hicks começavam a lhe incomodar durante a noite e
quando ela caminhava ou se sobrecarregava de atividades físicas.
Aguardamos pelo início do TP juntos (eu, Lili, Marilanda, Adriana e
Gugu) na casa de Itaparica, na semana da 40ª semana.


Entretanto, o
TP não ocorreu como nós prevíamos. Até hoje, a ciência não
explica o determinismo do trabalho de parto e seu desencadeamento ocorre
com uma grande variação para a maioria das parturientes. Pode ocorrer a partir
da 38ª até 42ª semana sem que a mulher possa escolher ou decidir
sobre os sinais de seu próprio corpo.




Como o TP não desencadeou nesta semana, os deliciosos dias de
relaxamento, prazeres e muitas alegrias, que foram especialmente programados
para cuidar e mimar a nossa Lili chegaram ao fim. No dia 19, as amigas
retornaram ao Rio para atender uma parturiente na mesma condição de Lili.
Aqui ficamos nós (eu, ela e Julia minha assistente de parto) aguardando o
grande momento).


Confesso que eu era
a mais ansiosa do grupo, pois Lili aproveitava para curtir
todos os momentos desta gestação tão desejada.


Talvez a intuição de parteira tivesse me sinalizado um trabalho de parto
efetivamente laborioso. O histórico de Lili demonstrava que o
processo seria demorado: duas cesáreas anteriores, um bebê
grande avaliado em 3,700 e uma gestação muito sobrecarregada com excesso de
trabalho e pouco tempo para se cuidar e para pratica de exercícios físicos.

O fato é que intuímos previamente que não seria um parto rápido e fácil.




Trabalhamos esta
questão com ela durante a semana que antecedeu o parto... De um jeito
bem amoroso Marilanda utilizando da sua experiência de psicodramatista,
provocava em Lili uma reflexão sobre como seria seu parto.. Ela entendeu,
demonstrando estar preparada e acatando as sugestões das amigas parteiras com a
doce anuência de Adriana. Após viagem das amigas, continuei bem próxima de
Lili. Fui visitá-la na teça-feira, dia 21 para incentivar a participação de
Clara e Letícia, suas filhas de 11 e 5 anos, no ritual da despedida do
barrigão. Ulla (amiga querida) foi junto comigo. Combinamos tudo pelo Facebook.
Foi lindo ver as meninas desenhando e interpretando as telas (barrrigão
dividido ao meio).



Na quinta-feira,
dia 23, voltei lá para uma segunda visita. Passei a tarde toda curtindo a família
do bebê, vovó Lea fez bolo de milho sem ovo para incrementar o lanche e o
titio contou suas histórias engraçadas e tomou café conosco. Todos observávamos
Lili, que se queixava muito de dores na região lombo-sacra e nas coxas,
demonstrando certa irritação com o barulho causado pelo conserto de um portão
lá embaixo, chegou a reclamar até de seu cachorrinho Fofucho que latia e
latia porque já sacava novidades na área! Naquela tarde, constatei que ela
encontrava-se nos prodromos de trabalho de parto, tendo contrações sem ritmo
freqüente.


Aproveitei a oportunidade para
pedir sua autorização para atravessar a Baia de Todos os
Santos. Precisava descansar em minha casinha silenciosa do lado de
lá do stress dessa louca metrópole. Ela me liberou.




Na sexta-feira,
antes de viajar (a ilha dista de Salvador em 40 minutos de
lancha) eu lhe telefonei e perguntei sobre a noite... E ela respondeu: “mal
dormida como durante a última semana".



Chegando em casa, dormi durante toda a tarde. À noite fui caminhar no
Cais com uma amiga de Jequié que veio me visitar. Observando o movimento da água senti a
presença de Yemanjá e aí recordei automaticamente de Lili. Neste exato momento,
a Marilanda ligou do Rio para perguntar da evolução do caso e para contar que estava
voltando da visita à sua parturiente (Diana) vivenciando o mesmo processo de
contrações sem ritmo embora dolorosas. Liguei novamente para Lili,
consciente de minha pressão disfarçada de cuidado. Ela queixou-se de dores,
mais incômodas e freqüentes. As contrações estavam lhe alertando que aí vinha
coisa... Perguntei se achava melhor eu retornar para dormir em Salvador e
ela disse que não seria necessário, me manteria informada da evolução do
processo.



Ao despertar pela manhã, observei
que o torpedo no celular, era ela avisando: ‘’Estou em TP.. não dormi a noite’’. Ah! Que alivio, confesso que amei a noticia... Vamos que vamos! Liguei
para Julia, solicitando que ela fosse imediamente acompanhar nossa
parturiente de perto. Ai, então, pude retornar calmamente para Salvador..
viajei todo o percurso, observando o belo azul do mar e fazendo a conexão
com o amado Gurudeva. Pedi tranquilidade e clareza para acompanhar
este parto - não era como de outras mulheres... Lili era muito próxima e
eu me sentia muito envolvida emocionalmente neste processo.




Gugu, marido de Liliana,
gentilmente se ofereceu para me apanhar na lancha. Na vinda para casa passamos
na Feira de São Joaquim para tentar encontrar o BACIÃO que procurávamos há um
mês. Queríamos também comprar flores e ervas para Yemanjá. Encontrei Lili
tranquila embora em
franco TP
, os BCFs estavam rítmicos em 145 bat/min,
contrações rítmicas e fortes (40 segundos) com intervalo de 5/5 minutos.



Inicialmente, estranhei o padrão
das contrações, mas em seguida reconsiderei supondo que poderia
estar no período expulsivo. Quando cheguei não sugeri exame de toque porque
era preciso observar mais e assim o fizemos: observamos, organizamos
os detalhes do ambiente... arrumamos o nosso altar para o apoio espiritual
e preparamos um banho com ervas para Lili.. 2 horas após minha chegada, ela começava a expressar cansaço .




Enchemos a grande
(enorme) bacia que compramos na Feira, com as ervas aromáticas e ali começamos
o ritual de banhar o barrigão de Lili para promover um relaxamento do útero.
Depois de 35 minutos de banho de imersão, Lili pediu para sair da água, estava
muito cansada daquela posição. Pedia para se alongar, necessitava de movimentos...
Saiu da água, caminhou exaustivamente da sala para o
quarto e em seguida deitou-se recostada na sua cama e conseguiu relaxar por
20 minutos. As contrações deram uma pequena trégua. Mas depois disso o
útero retomou seu trabalho num ritmo acelerado. Sugerimos um exame de toque e
ai veio uma surpresa: o colo embora 50% apagado só apresentava dilatação
de 2 cm.
Conversamos com Julia sobre o caso e depois concluímos que
seria importante Lili retornar para o chuveiro para abrandar o
útero que apresentava um ritmo de trabalho avassalador. O intervalo
entre as contrações chegou a 3 minutos e nosso foco
agora era acompanhar regularmente os BCFs.




Passamos o período
da tarde nessa observação atenta: de longe para não assustar Lili que andava
sem parar e gemia um gemido muito dolorido e profundo de dar
dó: "tá doendo demais, tá demais"... Intuímos que
algo estava acontecendo sentimos que as contrações eram atípicas.


Comentei com Julia minhas impressões e ela
concordou que Liliana estava muito cansada.. Ao final da tarde, Júlia precisava
ir embora porque no dia seguinte ia prestar o concurso da Secretaria Municipal
de Saúde. Sugeri que ela saísse bem discretamente para não ativar o neocortex
de Lili, que se manteve mentalmente ativa durante todo o trabalho de parto.




Considerando minha
pouca experiência com parturientes de cesárea anterior, recordamos a
postura rígida da medicina tecnicista quanto ao risco de rotura uterina e
ai lá veio aquele medinho que sobe um friozinho no estômago.. Quando
o medo vinha, redobrava as orações rogando ao mestre uma conduta adequada e
fixava nosso olhar piedoso para Lili que corajosamente aceitava o desafio imposto
pela sua fisiologia que mais me indicava um padrão de anormalidade. Ao final da
tarde, sugerimos uma hipótese diagnóstica: Seria uma distócia funcional por
desproporção, meu Deus? Não. Não é correto fechar diagnóstico ainda... Vamos
observar mais um pouco...

Às 21 horas de
sábado, 20 horas após iniciado o TP nós fizemos um segundo toque porque
achamos necessário avaliar a evolução do caso... Lili continuava
com o mesmo quadro: colo apagado em 50% e a dilatação em 2 cm. Aí falei calmamente para ela: “O colo tá
bem fininho, a cabeçinha do bebê tá bem insinuada, mas a dilatação continua em 2 cm...” Esperei sua reação e
ela falou bem baixinho: ‘’quero esperar mais um tempinho”, e eu perguntei até meia-noite, pode ser? Ela sinalizou
que sim com a cabeça, mas sua capacidade física tava se esgotando. Eu vi
claramente seu estado de exaustão.


Às 3 horas fizemos
uma reavaliação e os BCFs se mantinham rítmicos, mas o exame de toque foi difícil
porque Lili não suportava nenhum estímulo, chegando a seu limite máximo de
tolerância das dores que as contrações distócicas estavam lhe causando. Ela atentamente observava minha reação
facial após o toque, mas quando lhe informei que o colo permanecia em dois
centímetros de dilatação ela decidiu. Sim, foi ela quem decidiu
juntamente com seu bebê: "Não dá mais, agora quero colocar meu bebê no
colo. Quero ir para a Maternidade”. Eu vibrei junto e repeti: "Ok Lili,
então vamos!” Ela precisava de apoio em sua decisão e aí eu falei olhando em
seus olhos: "Seu bebê também está muito cansado querida, o stress que as
contrações estão lhe causando está sendo revelado pelos seus
movimentos repetidos de flexão e extensão dos membros intra-útero”.



Na madrugada de
domingo Liliana desafiou e superou sua capacidade de tolerância a DOR, porque
seu organismo não estava produzindo endorfina, ela repetia várias vezes, "Tá
muito forte meu neném, tem algo errado... tá demais meu filho, vem logo, vem
bebê...”


Quando Lili decidiu
ir para Maternidade Sagrada Família, chamamos Gugu e Ulla que
estavam descansando da noite punk. Gugu devia estar cansado também. Afinal ele
teve um longo dia de muito trabalho e apoio ao núcleo familiar.
Neste momento, entretanto, ele prontamente levantou-se e
cumpriu responsavelmente seu papel de pai e companheiro dedicado que
demonstra ser. Ulla logo compreendeu a decisão de Lili e nos ajudou muito no apoio emocional...
Sua energia amorosa e serena favoreceu a harmonia do ambiente no momento tão
singular.


Chegamos à
Maternidade às 4 horas da manhã de
domingo e concluída toda burocracia da internação, Lili
foi transferida para o Centro Cirúrgico. Às 05h55min de 25 de setembro de 2011, nasceu de
parto cesariana por decisão compartilhada com sua própria
mãe, Gustavo Samir Silveira Silva. Nasceu em boas condições de vida, com
Apgar 8/10 e com um pesinho "bobo" de 3,900 kg para confirmar a
hipótese diagnóstica da parteira, distócia funcional por desproporção cefalo-pelvica.



No dia seguinte, ao ver Gustavo em
seu bercinho ao lado de sua mãe, um sentimento novo invadiu meu coração e
me fez reconhecer que a beleza do nascimento supera paradigmas. Um bebê
sempre anuncia a esperança de novos tempos.




A partir dessa
experiência, surgiram algumas indagações que acho importante registrar:



1-Não é humano sentir medo
em situações desta natureza? Nossa memória celular não carrega o medo do
parto há séculos?


2-Não é salutar tentar e colocar nossa
natureza à prova?

3-Não é salutar saber até onde podemos aguentar?



4-Não é prudente dar um basta quando nossa
intuição nos comunica dos limites entre o saudável e o radicalismo?



5-Não foi interessante Lili tentar superar
seu próprio limite?



6- Não foi bom deixar o bom senso prevalecer
quando resolvemos procurar um hospital para evitar que o bebê entrasse num
quadro de sofrimento agudo?



7-Não foi maravilhoso receber
Gustavo com saúde e pronto para sugar o peito quente de sua mãe corajosa?




Aqui rendo minhas
homenagens sinceras a você, LIli, que sensivelmente decidiu
enfrentar seu primeiro TP com determinação, coragem e bom senso.



E quanto
à minha responsabilidade na condição de enfermeira obstetra e
parteira, admito humildemente minha tensão neste processo de acompanhar um
trabalho de parto laborioso de uma companheira de trabalho e amiga querida. Estou
feliz pela nossa capacidade de admitir e aceitar o limite
entre a linha daquilo que idealizamos e sonhamos e do que
foi possível vivenciar. Valeu a nossa sincronia quando decidimos que
uma cesariana era a melhor indicação para resolver a incompatibilidade
feto-pélvica e salvaguardar o bem estar de seu bebê.


Parabéns para Lili
que aplicou na hora certa nossa lição preferida, a capacidade de
rever, reconsiderar e admitir que em nossa profissão, o BOM SENSO sempre
deve prevalecer. A vida é um dom sagrado, muito além de nossos desejos.